O Mundo Barulhento
- Kim Loeb
- Oct 20, 2020
- 2 min read
Updated: Oct 22, 2020
Ao trabalhar com conteúdo audiovisual, me incomoda o que, por falta de definição melhor, eu chamava de "mundo barulhento": o excesso de pings, flashes e buzzes, notificações, mensagens, estímulos visuais e sonoros, músicas, posts, etc.
Na minha visão, ainda estamos cultivando uma crescente incapacidade de nos mantermos sós com nós mesmos, de encaramos o ócio ou o tédio - quem sabe até a reflexão.
Mas ao trabalhar com conteúdo, especificamente infantil, eu não estaria somando ao acúmulo de estímulos que está nos sobrecarregando? O "barulho" seria um fator intrínseco da indústria cultural ou até da cultura em si? Eu me perguntava como seria possível fazer parte da mudança: como criar o vácuo, o silêncio, a pausa, a contemplação e a reflexão?

Para entender a solução, eu teria que entender o problema. O começo desta compreensão começou quando eu descobri a ONG "Center for Humane Technology" em 2018 - através dela consegui identificar certos aspectos do que eu antes amontoava como "mundo barulhento". Conheci o termo "Extractive Attention Economy" (Economia do Extrativismo de Atenção), que é uma das grandes responsáveis pelo soterramento de informações que sentimos, e através disso comecei a ampliar o meu conhecimento sobre a preciosidade de nossa Atenção como mercadoria enquanto bem vital.
Hoje acredito que o vácuo não é algo que se cria - se queremos promover outros valores (como contemplação), precisamos ter algo embasado e concreto para substituir o que temos atualmente.
Nisso vejo também a importância crucial da cultura como parte da solução. Como, através de importantes obras, somos capazes de espalhar ideias, reavaliar valores, comportamentos individuais e comunitários; até construir pressão política para mudanças sociais em maior escala. No caso do "mundo barulhento", acredito haver um movimento começando e o documentário, obra cultural, "O Dilema das Redes" é um importante exemplo.
Acredito que o Extrativismo de Atenção é um assunto que virá a moldar a construção de nossa era e terá uma relevância tão ampla quanto, por exemplo, mudança climática. Será fundamentalmente necessário que todos entendamos este assunto para vivermos com plenitude - pois acredito sinceramente que a qualidade de nossas vidas está na qualidade de nossa atenção.
"Se, então, me pedissem o conselho mais importante que eu poderia dar, que eu considerava ser o mais útil aos homens de nosso século, eu simplesmente diria: em nome de Deus, pare um momento, cesse o seu trabalho, olhe à sua volta." - Leo Tolstói
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